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A independência do Congresso se dá pelas ruas

Depois de sofrer as primeiras derrotas na Câmara dos Deputados, o presidente Lula começou a semana em reunião com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Padilha é o responsável pela articulação do Governo com o Congresso e a derrota do Executivo com a derrubada de decretos do presidente sobre o Marco Legal do Saneamento causou instabilidade na área política do Governo.

Na semana passada Lula mordeu e assoprou, quando o assunto foi Padilha. Chegou a dizer que Padilha era um dos grandes articuladores políticos do país, mas não deixou de demonstrar sua insatisfação com os resultados negativos do Governo no Congresso.

Soma-se à derrota do Marco Legal do Saneamento, a abertura da CPMI para investigar os atos de 8 de janeiro, a perda de apoio na Câmara ao projeto das Fake News, que adiou a votação – antes era urgente para o Governo -, além da abertura de uma CPI do MST, que já é dada como certa no Congresso.

Hoje Lula parece que apertou um pouco mais o torniquete. Determinou que Padilha chamasse os partidos que indicaram ministérios para uma conversa para cobrar a fatura. Os partidos terão que mostrar na prática sua lealdade ao Governo, caso contrário estarão fora.

Não sei se isso é bom ou ruim, porque a pressão pode azedar ainda mais a relação e causar uma perda ainda maior de apoio político. Se o Governo já está encontrando dificuldade para dar andamento às pautas de seu interesse no Congresso, se perder o apoio de partidos aí é que a coisa desanda mesmo.

Parece que o presidente Lula ainda não entendeu que a independência do Congresso cresce conforme a popularidade do Governo nas ruas cai. Já se tornou comum, nas rodas de conversa, a gente ouvir reclamações sobre a condução do país, principalmente na área econômica. A pesquisa Datafolha divulgada no início de Abril mostrou que a popularidade do presidente Lula já era menor que a registrada no início de seus mandatos anteriores. Segundo o levantamento, Lula tinha a aprovação de 38% dos brasileiros e a reprovação de 29%. Esse quadro não muda apenas fazendo cara feia para o Banco Central e sua política de juros. O povo quer comer a picanha que presidente Lula prometeu na campanha e até agora nada.

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